Por Silvino Júnior
Em novembro de 2023, o assunto que dominou as redes sociais foi o embate envolvendo Dra. Vanessa e o deputado estadual George Soares. Em um vídeo onde rebateu declarações do parlamentar sobre sua postulação à câmara federal, Vanessa disse: “Foi uma candidatura de coragem, de enfrentar essa força, essa tirania, esse machismo que está impregnado na sociedade, inclusive no seu grupo político, que não consegue enxergar a mulher ocupando papéis de destaque, inclusive na política”.
Em resposta ao conteúdo publicado por Dra. Vanessa, George Soares também gravou um vídeo na época, onde reuniu servidoras que atuam na sua equipe e afirmou: “Estou aqui hoje provando o quanto o papel da mulher é importante, sendo o cargo máximo do nosso gabinete, que é a chefia, comandada por uma mulher. A nossa assessoria jurídica, o marketing, o atendimento, o acompanhamento aos processos, todos feitos aqui por mulheres. Em 12 anos de deputado, votamos a favor de todas as causas feministas”.
No sábado (09), o deputado federal João Maia ao ser entrevistado na Rádio Princesa, constrangeu Dra. Vanessa ao declarar: “Eu tenho uma admiração por Dra. Vanessa, ela só não sabe escolher marido”. A fala gerou gargalhadas dentro do estúdio da emissora, mas não há nada de engraçado nesse tipo de afirmação. Fora isso, João Maia discursou durante a sabatina por 17 minutos e 23 segundos, tempo de fala maior que o da vice-prefeita de Assú, Fabielle Bezerra, que explanou por 11 minutos e 33 segundos e era a principal entrevistada do programa.
Entendo que a sub-representação da mulher na política prejudica todas as cidades, que a luta das mulheres por igualdade, liberdade e inserção é algo diário, que denúncias de misoginia na internet tem sido constantes, que piadas machistas, assédio e objetificação do corpo feminino tem ocorrido dentro de casa e até nas ruas, contribuindo para uma cultura de violência.
Mas porquê a fala de João Maia não gerou o mesmo repúdio e comoção por parte daqueles que no passado saíram em defesa de Dra. Vanessa? A depender do lado político em que estamos, vamos usar dois pesos e duas medidas?
