Por Silvino Júnior
Nos grupos de WhatsApp de Ipanguaçu, desde a quarta-feira (23), o assunto não tem sido outro. De acordo com um processo que circula nas redes, o Prefeito Jefferson Santos teria supostamente assinado uma nota promissória no valor de R$ 3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais) em favor de José Medeiros Junior e não teria quitado o valor. O vencimento da nota coincide com o período de um mês após o resultado das eleições que o consagraram prefeito.
Em nota divulgada em seu perfil oficial no Instagram, o prefeito postou uma foto com espigas de milho, que teria recebido da população, e declarou que “reafirma, com plena convicção, que não permitirá que sua honra e reputação sejam atingidas por pessoas cuja conduta é, no mínimo, passível de severo questionamento ético e moral”, diz. No entanto, o conteúdo foi considerado por muitos como pouco explicativo e, em tom, mais próximo de uma indireta a seus adversários políticos do que uma resposta direta às acusações.
Entrei em contato com o escritório do advogado Flaviano Gama, que representa a parte acusadora, para ouvir sua versão dos fatos, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.
Esse é o primeiro episódio que cria ruído dentro da gestão Jefferson e, de certa forma, trinca sua imagem construída como agricultor e homem humilde. Afinal, uma suposta nota promissória no valor de mais de três milhões de reais não é algo comum, especialmente em uma cidade como Ipanguaçu, onde a maioria da população vive com um salário mínimo. Considerando o valor atual do salário mínimo em 2025, fixado em R$ 1.518,00, um trabalhador levaria mais de 170 anos para acumular esse montante, sem gastar nada e recebendo o valor integral mês a mês.
A boa comunicação de Jefferson e a ausência de uma oposição expressiva nas ruas sempre contribuíram para que problemas enfrentados pela gestão não ganhassem grandes proporções. No entanto, desta vez, seu governo pareceu sem resposta diante da gravidade do caso e, pela primeira vez, sua imagem pública sofreu um abalo direto.