É inegável que vivemos hoje a mais séria crise na área da segurança ao longo de sua história. Os assaltos, roubos, sequestros, arrastões e assassinatos atingiram níveis absurdos e o medo diante da violência já está limitando severamente a vida da nossa população, em seu dia-a-dia.
É público e notório que essa situação extrema resulta, entre outras razões de ordem social, política e econômica, da visível incapacidade do estado em gerir sua estrutura de segurança pública. Vejamos:
A Polícia Militar do RN tem hoje apenas 8.229 profissionais ativos em suas fileiras. Isso representa apenas 60 por cento do efetivo mínimo previsto em lei complementar, número esse que, em nossa opinião, já está abaixo do desejável. Além, disso esses profissionais são mal remunerados, mal equipados e, como se não bastasse, sofrem com o atraso no pagamento de seus salários, assim como a maioria dos servidores públicos estaduais. Na Polícia Civil a defasagem e os problemas são semelhantes. Ou seja, vivemos uma enorme crise estrutural e administrativa na segurança pública em nosso estado, isso é inegável.
À primeira vista parece ser fácil culpar os policiais por sua adesão à ‘greve’ da categoria, que paralisou severamente a já pouca estrutura de defesa pública oferecida à população. Mas é preciso compreender que essa decisão radical resulta do acúmulo de uma série de desacertos administrativos cometidos nas últimas décadas.
Nossos policiais simplesmente chegaram ao limite de sua capacidade em suportar as adversidades que enfrentam no desempenho de sua profissão. Não se pode esquecer que são eles os únicos, entre todos os servidores públicos, os que efetivamente arriscam diariamente as próprias vidas na defesa da vida dos demais cidadãos.
É urgente que o governo do estado assuma os seus deveres constitucionais e busque suprir a correta e adequada manutenção de nossas forças de segurança pública, deveres estes, aliás, claramente olvidados nos últimos anos.
Que se retome o diálogo com a categoria, que se busque soluções viáveis de curto prazo, nas esferas do legislativo, do judiciário e do executivo, afim de assegurar aos policiais civis e militares e suas famílias uma vida digna e até a própria sobrevivência. Se isso não acontecer, não se deve esperar que estes garantam à paz, o bem-estar e a até a sobrevivência alheia.
Prestamos assim nossa irrestrita solidariedade aos policiais do estado, em reconhecimento ao seu valor pessoal e à enorme importância do trabalho que executam.
Natal, 29 de Dezembro de 2017
GEORGE SOARES
Deputado Estadual