17 - set/21

Por Rodrigo Ortega, G1

Dan Ventura: arrochadeira, Bonde do Maluco, pânico e 'Passinho debochado'

Dan Ventura: arrochadeira, Bonde do Maluco, pânico e ‘Passinho debochado’

Na dancinha viral do “Passinho debochado” existe uma virada tardia na carreira do baiano Dan Ventura, aos 42 anos. Os movimentos dele começaram no berço do arrocha e passam por hits carimbados por Ivete em Salvador, um longo jejum de sucesso, uma crise de pânico e, hoje, o retorno às paradas,

“Se eu te incomodo, então desliga o celular… Se não gosta de mim, do meu jeito debochado / me desculpa, olha como eu tô preocupado…” Os versos parecem bobos, mas o ex-líder do Bonde do Maluco penou até aprender a desencanar de comentários de que sua carreira estaria no fim.

Veja a ascensão, a queda e a nova ascensão de Dan Ventura no vídeo acima. Abaixo, conheça os oito passos principais da história do dono do “Passinho debochado”:

  1. O pai dele tinha um estúdio em Madre de Deus (BA), onde fez gravações pioneiras do arrocha com a banda Asas Livres, de onde saiu Pablo.
  2. Dan ajudou a criar a base do Tayrone Cigano, outro herói do arrocha. Depois, ele misturou essa base com pagodão e criou um ritmo que chamou de arrochadeira.
  3. Como grupo Um Toque Novo, fez a arrochadeira “Piririm pompom”, que estourou em 2006. Ivete cantou a música nesse ano e até incorporou a personagem “Piriguete Sangalo”.
  4. Foi para o Bonde do Maluco e, em 2007, emplacou “Não vale mais chorar por ele”, versão de “Don’t matter”, do Akon. Ivete também cantou ao vivo e disse que era do “Bonde da maluca”.
  5. O Bonde do Maluco teve outros sucessos locais e foi muito querido e influente (até o sertanejo Zé Felipe falou ao G1 sobre essa influência no hit “Só tem eu”).
  6. Só que o grupo não tinha muita estrutura e era eclipsado por artistas maiores. Em 2010, quando Akon veio ao Brasil, foi Claudia Leitte quem cantou a versão com o americano.
  7. Em 2013, Dan saiu do Bonde do Maluco. Entre 2014 e 2016, teve crises de pânico. Ele tentava emplacar faixas pelo YouTube, onde lia comentários sobre a carreira em baixa.
  8. Em 2020, se mudou de Salvador para Mossoró (RN). Em 2021, com a base da música “Alors on dance”, do belga Stromae, criou o “Passinho debochado”. E, após tanto tempo, o hit veio…

O “Passinho debochado” estourou no TikTok está hoje entre as vinte músicas mais tocadas em streaming no Brasil no Spotify e no YouTube.

“Chegou a um ponto em que eu não sentia mais dor pelo que as pessoas falavam: ‘Envelheceu, não vai a lugar nenhum mais…’ E eu falava: ‘É, tô com 42 anos, já um senhor de idade, não vou mais me preocupar com isso.’ E pronto. Foi quando, de repente, as coisas aconteceram”, diz Dan.

O clipe custou R$ 800. A música foi composta, tocada e produzida por Dan. Desde o início da carreira, no estúdio caseiro do pai, ele aprendeu a valorizar a espontaneidade.

Testemunha do arrocha

 

Dan Ventura — Foto: Divulgação

Dan Ventura — Foto: Divulgação

O estúdio do seu Antônio Pereira ficava em Madre de Deus, perto de Candeias, onde foi criado o arrocha, estilo romântico marcado pelo romantismo nordestino (seresta, brega) e latino (bachata, bolero).

Enquanto a sofrência de Pablo nascia, Dan apertava botões. “Cresci vendo meu pai mexendo em gravação. Eu era operador de ‘rec’, apertava e esperava o cara gravar. De tanto fazer isso, comecei a fazer minhas produções. E vi que, quando o povo abraça, não tem jeito…”

Desde então, sempre fez tudo em estúdios caseiros. “Eu já vi o cara pagar estúdio caro, encher de músico, e a música não vai para lugar nenhum.”

Mesmo assim, ele mesmo se surpreendeu em 2021. “Eu subestimei ‘Passinho debochado’. Estava gravando um CD, a ‘Pisadinha da cachorrada’. E falei: vou soltar na semana que vem essa música, um ‘memezinho’. Era um desabafo sobre haters. De repente, o negócio começa a acontecer.”

“Eu falei: cara, o que eu faço ‘à toa’ dá certo. Agora, quando eu me dedico, não dá”, ele brinca.

 

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