12 - jan/19

Após concluir as mudanças na diretoria da Petrobras, o governo trabalha agora para tentar renovar parte do conselho de administração da companhia, cujos representantes foram eleitos em 2018 para mandatos de dois anos. Duas vagas já estão abertas após renúncias anunciadas na semana passada, mas o objetivo é conseguir mais assentos.

Responsável por aprovar decisões estratégicas e fiscalizar a gestão da companhia, o conselho da Petrobras tem onze cadeiras, uma delas ocupada pelo presidente da empresa, Roberto Castello Branco.

Foi totalmente remodelado no início do segundo mandato de Dilma Rouisseff, que substituiu ministros e outros representantes do governo por nomes reconhecidos pelo mercado, incluindo o próprio Castello Branco.​

A maior parte da composição atual foi eleita em assembleia de acionistas em abril de 2018 e, portanto, poderia ficar na companhia até 2020. O governo, porém, já avisou que gostaria que alguns deles renunciem —o último presidente do colegiado, Luiz Nelson Guedes Carvalho, e o advogado Francisco Petros já o fizeram no início do ano.

O alvo principal agora seria o engenheiro naval Segen Estefen, professor da UFRJ nomeado ainda no governo Dilma. O objetivo é nomear executivos mais alinhados com a gestão atual, que fala em acelerar vendas de ativos para focar ainda mais as atividades no pré-sal.

Além de Estfen, os representantes da União no conselho atualmente são Jerônimo Antunes (presidente interino desde a renúncia de Carvalho), Ana Lúcia Poças Zambelli, Clarissa de Araújo Lins e o próprio Castello Branco. Outros dois são indicados por minoritários e um terceiro, pelos trabalhadores.

O prazo dos mandatos foi estendido para dois anos a partir de 2016, dificultando a renovação do colegiado pelo governo eleito. Até então, era apenas um ano. O estatuto da empresa prevê que 20% do colegiado deve ser renovado a cada quatro anos.

A nova gestão da Petrobras já concluiu o processo de renovação da diretoria, com a substituição de quatro dos sete diretores. Três dos destituídos —Solange Guedes, Hugo Repsold e Jorge Celestino— também eram remanescentes do governo Dilma. O quarto, Nelson Silva, havia sido nomeado já no governo Temer.

Castello Branco indicou para a direção Carlos Alberto Pereira Oliveira (Exploração e Produção), Lauro Cotta (Estratégia), Rudimar Lorenzatto (Desenvolvimento da Produção e Tecnologia) e Anelise Quintão (Refino e Gás). Esta última era a responsável por tocar o programa de desinvestimentos da companhia e sua nomeação é vista como um sinal de que a redução da participação da estatal nos dois segmentos será acelerada.

A Petrobras ainda não comentou o assunto.

O presidente da estatal também indicou assessores próximos, como o professor Luciano de Castro, que também participou do grupo de transição do governo Bolsonaro, e o diplomata Roberto Ardhengy, que deixa um posto do Itamaraty em Nova York para cuidar da chefia de gabinete de Castello Branco.

Ele indicou também o empregado da estatal Carlos Victor Guerra Nagem para a gerência executiva de Segurança e Inteligência Corporativa. Sob a alcunha Capitão Victor, ele foi candidato duas vezes a cargos públicos no Paraná, tendo recebido apoio de Bolsonaro, que o chamou de “amigo particular”.

Sem nunca ter exercido cargo de confiança na estatal, Nagem foi alçado ao segundo escalão na hierarquia da companhia, com salário de cerca de R$ 50.000. Nas redes sociais, Bolsonaro vem defendendo a indicação com uma série de manifestações desde a noite de quinta (10).

No último comentário sobre o tema, na noite de sexta (11), o presidente mostrou uma foto da gerente anterior, Regina de Luca, em um evento do PT. “O capitão Nagem ocupará a vaga da petista Regina Miki na Chefia de Segurança”, escreveu.

A Petrobras argumenta que o currículo do indicado é adequado ao cargo. A nomeação, porém, ainda depende de aprovação dos órgãos internos de controle.

Folhapress