O novo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, prometeu em sua gestão priorizar o ensino básico no País e combater um suposto marxismo presente nas escolas e universidades. Recém-empossado, ele também promoveu mudanças na pasta e extinguiu a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), responsável por assuntos relacionados a direitos humanos e étnico raciais.
Na educação básica, Vélez afirmou que a pasta trabalhará pelo combate ao analfabetismo e a ampliação e melhoria em creches e pré-escolas, além de manter os alunos nos níveis corretos de acordo com a idade. Ele também prometeu focar na educação de jovens e adultos e no pleno atendimento a deficientes.
Em relação ao ensino superior, Vélez prometeu valorizar a tríade ensino, pesquisa e extensão e que no setor privado o foco será na qualidade dos cursos oferecidos. De acordo com o novo ministro, as ações de fundos internacionais de investimento em educação serão tratadas “com cuidado” para que se adequem aos objetivos da educação brasileira.
“Não permitiremos que pautas nocivas aos nossos costumes sejam impostas ao País com a alegação de que se tratam de temas adequados alhures por agências internacionais”, disse. Outro conceito combatido por Vélez, o chamado globalismo foi tachado por ele como uma “clara tentativa de sufocar os valores fundantes da nossa vida social”.
Após extinguir a Secadi, o novo ministro criou duas novas pastas, a de Alfabetização e a de Modalidades Especializadas, que herdam as atribuições do órgão extinto. Todos os secretários da pasta foram empossados ao final da cerimônia.
Assume a pasta de Alfabetização o educador do Paraná Carlos Nadalim, conhecido na internet por divulgar seu próprio guia para pais ensinarem filhos a ler em casa. Ele defende os métodos fônicos – que focam a relação entre sons e letras para chegar à leitura, cujo auge no País foi até os anos 1980. Depois, ganharam espaço modelos em que se usam textos inteiros para o aprendizado.
No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro elogiou a medida e afirmou que “governos anteriores” “propositalmente investiam na formação de mentes escravas”.
Discurso.
O novo ministro afirmou ainda que o “lulopetismo” dilapidou a economia brasileira em “balcões escusos de negócios ao leiloar na bacia das almas da corrupção os recursos da nação, colocou em risco a sobrevivência das novas gerações” e que a retórica marxista tomou conta do espaço educacional. Nascido na Colômbia, Vélez foi naturalizado brasileiro em 1997.
Durante seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, Vélez citou Bolsonaro diversas vezes e atribuiu a ele a mudança de posicionamento da sociedade. Ele afirmou ainda que a facada que atingiu Bolsonaro durante a campanha eleitoral, “derrubou um homem, mas levantou uma nação”.
Indicado pelo guru da direita brasileira, o escritor Olavo de Carvalho, Vélez lembrou dele no discurso e disse que Carvalho, juntamente com o também escritor Antônio Paim são os pensadores do novo governo.
Antes de passar a caneta para seu sucessor, o ex-titular da pasta, Rossieli Soares, afirmou que a educação deve ser tratada com a mesma importância que a economia. “Essa é a boa guerra que o País precisa comprar. Precisamos de uma economia forte, mas é na educação básica que estão nossos maiores desafios.” Secretário da Educação de São Paulo, ele defendeu ainda que as universidades possam ter arrecadação própria.
ESTADÃO CONTEÚDO