Por Matheus Leitão
O governo Dilma Rousseff tem comemorado a chegada do fim do ano sem a concretização dos piores temores, como o início do processo de impeachment no parlamento. O mandato da presidente tem sobrevivido, apesar de o Brasil quase ter entrado na tempestade perfeita que ameaçava (e ainda ameaça) unir a crise na política e a na economia.
A inflação está chegando aos dois dígitos, o nível de desemprego continua subindo, o país enfrenta uma profunda recessão e, se forem confirmadas as previsões para o ano que vem, será o pior encolhimento na economia desde os anos 1930. Enquanto isso, a rejeição ao governo permanece altíssima.
Mesmo com pequena melhora na governabilidade da presidente Dilma após a reforma ministerial, ela não conseguiu aprovar as medidas do ajuste fiscal. A recriação da CPMF está parada no Congresso. Apesar de mais uma tentativa do governo em andamento, ela não deve ser aprovada em 2015.
Enquanto isso, as atenções estão voltadas para a Câmara dos Deputados, com a instalação do processo por quebra do decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar das evidências mostradas por este Blog, o ritual do “toma-lá-da-cá”, e os desdobramentos após a instalação do processo sobre Cunha, podem até livrá-lo de punição no Conselho de Ética.
Contudo, o presidente da Câmara continuará a ser investigado pela Procuradoria Geral da República, e eventualmente processado no Supremo Tribunal Federal (STF). Se ganhar o primeiro round, na arena política, outros importantes capítulos da investigação deverão ser noticiados no futuro.
Aliados de Cunha têm reclamado, segundo apurado pelo Blog, que o fato de o STF não ter decretado sigilono inquérito que investiga as contas na Suíça foi a pior derrota do parlamentar carioca no ano. O raciocínio é que as investigações podem gerar mais desconforto e desgaste para o grupo político à frente.
Assim como Dilma, o presidente da Câmara tem comemorado a proximidade do fim do ano e o início do recesso parlamentar. Após a intensa disputa política travada entre Dilma e Cunha em 2015, os dois aguardam o fim do ano para reorganizar as forças. É a importância do tempo na política. Especialmente, durante crises como a que vivemos.